CASA VOVÔ PEDRO DE ARUANDA CELEBRA 25 ANOS COM FEIJOADA DE PRETO VELHO

CASA VOVÔ PEDRO DE ARUANDA CELEBRA 25 ANOS COM FEIJOADA DE PRETO VELHO

Celebração com entrada franca está marcada para o dia 10 de maio, das 16h às 20h

Casa de Caridade Vovô Pedro de Aruanda (CAVOP), um dos terreiros de Umbanda mais tradicionais de Contagem, cidade metropolitana de Belo Horizonte, festeja 25 anos de (r)existência com uma celebração aberta ao público no dia 10 de maio (sábado), das 16h às 20h, em sua sede, que fica na rua Moscovita, número 168, no bairro Carajás. Intitulado “CAVOP- Festejo de 25 anos da Casa de Caridade Vovô Pedro de Aruanda”, o evento será uma celebração da trajetória do terreiro, reafirmando sua importância como espaço de acolhimento, espiritualidade e ponto de preservação da cultura afro-brasileira. A entrada é gratuita.

“O grande festejo em comemoração aos 25 anos será um marco na história da nossa casa, além de termos a certeza de uma trajetória de muito respeito à ancestralidade, aos fundamentos da religião, a todos os que já buscaram auxílio e à comunidade na qual se situa”, conta Pai Fernando de Xangô, o fundador da casa, que está localizada na Regional Nacional, em Contagem.

Durante o evento, será exibido um documentário com depoimentos do Pai Fernando de Xangô. No filme, ele fala sobre a história do terreiro e sobre o reconhecimento do espaço religioso como patrimônio imaterial de Contagem. Haverá ainda a gira de atendimento e a feijoada comunitária, preparada e servida pelos filhos da casa. A refeição é gratuita, reforçando o compromisso do local com a caridade e o fortalecimento comunitário.

“Uma das prioridades em nossas festas é a alimentação, sempre feita e servida por trabalhadores do terreiro e de uma forma farta, que garanta à comunidade que ali frequenta não só participar da festa, mas levar suas famílias para terem uma refeição garantida no dia. Para este festejo, não será diferente”, conta Juliana Nazar, filha da casa e produtora cultural do evento, adiantando que a estimativa de pessoas a serem servidas com a feijoada é a de 300. “São pessoas da comunidade local, filhos do terreiro e também convidados de outros terreiros da Regional Nacional”, completa.

Um dos momentos mais marcantes no festejo será a gira de 25 anos, quando pontos de umbanda serão entoados pelos filhos do terreiro, que vão preparar todas as etapas da comemoração, desde a decoração, passando pelas comidas, servindo as pessoas até a limpeza e organização do espaço após a celebração. “Não é um momento apenas rotineiro do terreiro, mas uma grande celebração, símbolo de amor, afeto, caridade e resistência”, garante o pai de santo, que comandará o momento religioso cultural. “Quando fazemos esse movimento, estamos fazendo um ritual, ao mesmo tempo que organizamos vamos nos limpando e nos preparando para receber as entidades e a comunidade”, completa Pai Fernando de Xangô.

“Festejo de 25 anos da CAVOP” é um marco para o terreiro, que se mantém ativo graças à dedicação dos filhos e do apoio da comunidade. O evento conta com o financiamento do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura, por meio do Edital Movimenta Multilinguagens. Para a CAVOP, essa conquista representa um avanço no reconhecimento de projetos culturais ligados às religiões de matriz africana, garantindo meios para sua continuidade e expansão. Como contrapartida ao financiamento, a casa realizará a doação de 100 marmitas para pessoas em situação de rua, em parceria com um projeto social local.

SERVIÇO

CAVOP – Festejo de 25 anos da Casa de Caridade Vovô Pedro de Aruanda

Data: 10 de maio (sábado)

Horário: 16h às 20h

Local: Rua Moscovita, 168, bairro Carajás, Contagem/MG

Atrações: Exibição de vídeo, gira de atendimento e feijoada comunitária

Entrada: Gratuita

Feijoada: Gratuita para os participantes do evento

Mais detalhes: @_cavop/

HISTÓRIA DA CASA DE CARIDADE VOVÔ PEDRO DE ARUANDA

Fundada em janeiro de 2000, a Casa de Caridade Vovô Pedro de Aruanda nasceu da trajetória espiritual de Pai Fernando, que desde criança demonstrava sensibilidade mediúnica. Natural de São João Del Rei, no Campo das Vertentes, ele cresceu acompanhando o pai carnal, cambone e benzedor de Kimbanda, em práticas espirituais. Depois de um período afastado do sincretismo, Pai Fernando retomou a caminhada na Umbanda e, após uma década de aprendizado em outros terreiros, estabeleceu a CAVOP. Inicialmente, o atendimento ocorria em sua residência, em um espaço modesto na garagem, mas com o tempo a casa cresceu, ampliou sua estrutura e tornou-se um importante ponto de referência religiosa e cultural na região.

“A nossa casa pode ser entendida como um lugar de referências culturais, pois, desde a fundação, ela vem crescendo tanto em suas firmezas e fundamentos, quanto no número de frequentadores, sejam consulentes ou trabalhadores de terreiro, que buscam seu desenvolvimento humano e espiritual. Nós temos como principal objetivo a caridade, e o motivo da sua existência é inerente ao acolhimento de pessoas para cuidar da saúde física, mental e espiritual e para o fomento da cultura ancestral e afro-brasileira”, explica Pai Fernando.

Reconhecendo e respeitando todas as entidades, a Casa de Caridade tem como viés principal o culto aos Pretos e Pretas Velhas. De acordo com Pai Fernando, a manutenção desse bem é fundamental no que tange às continuidades, levando a musicalidade, a língua e os saberes para os mais jovens. “Sabemos que, historicamente, a libertação dos escravos foi realizada em 13 de maio de 1888. Sabemos também que é apenas na história, já que a luta dos pretos no Brasil continua dia após dia e que essa libertação aconteceu como um ‘feito’ e não como uma resolução. No entanto, essa data ficou marcada, e a festa dos pretos e pretas velhas acontece no mês de maio devido a esse evento”, explica Pai Fernando de Xangô. “Pretos e pretas velhas na umbanda são espíritos ancestrais de escravos que viveram há anos atrás. Eles trazem na sua história a dor, a resistência, a sabedoria e a caridade”, completa.

CALENDÁRIO. Além da Festa de Preto Velho, que é realizada em maio, a Casa de Caridade conta com outras celebrações, como a Festa de Erê, em setembro, e a Festa de Exu e Pomba Gira, em dezembro. O terreiro também mantém sessões abertas ao público às quartas e sábados, bem como encontros fechados para o desenvolvimento dos médiuns e interessados na espiritualidade umbandista.