ESPETÁCULO “ARREPSIA” FAZ SUA ESTREIA EM CONTAGEM

ESPETÁCULO “ARREPSIA” FAZ SUA ESTREIA EM CONTAGEM

Nova temporada da elogiada peça terá início em Contagem, nos dias 4 e 5 de julho; em seguida, ela migra para Belo Horizonte

“Arrepsia” é de tirar o fôlego. Autoetnográfico, o espetáculo de estreia da potente IncompetênCia aborda temas um tanto quanto polêmicos, como LGBTQIA+fobia, racismo e machismo. São temas que precisam ser debatidos incessantemente para que a sociedade não continue a mesma; para que os tempos vindouros, não sejam iguais a hoje. Voltando à baila pela quinta vez, a peça traz, agora, um caráter descentralizador. O começo da temporada será em Contagem, nos dias 4 e 5 de julho. Essa será a primeira vez da montagem na chamada Terra das Abóboras. Nas próximas semanas, ela ocupará espaços culturais de Belo Horizonte.

Para Gabi Vieira, integrante da companhia e uma das protagonistas da peça, o momento é de celebração — e principalmente de compromisso! “Apresentar em Contagem tem um peso profundo, pois é devolver à minha cidade o que ela me deu. Foi nas ruas e escolas de Contagem que eu me tornei artista e cidadã. E, nessa temporada, a novidade não é só geográfica — é afetiva, é política. Contagem é potência criativa. Uma cidade que resiste, mesmo sem teatros dignos, mesmo com os acessos negados. Levar o espetáculo para a região metropolitana é reafirmar o nosso direito à arte, à memória, à dignidade”, dispara Gabi.

Provocando reflexão sobre a tentativa social de apagamento das ancestralidades, tanto nas relações de gênero quanto de raça, “Arrepsia” é, ao mesmo tempo, intensa e divertida. E, em cada nova apresentação, o elenco, que é formado por Gabi Vieira, Malu Dimas, Rafa Calú e Sarah Vá, leva para cena elementos regionais. “A gente procura entender as questões, as tensões e a cultura daquele território para poder dialogar de forma mais sincera com o público. É sobre isso: trocar, ouvir e jogar com o que faz sentido para quem está ali. E tudo isso com aquela pitadinha de humor e leveza que é a marca do nosso espetáculo”, aponta Malu.

Além de Contagem, o “Arrepsia” será apresentado no Barreiro, que está fora da rota teatral, e também no Teatro Raul Belém, que é um ponto alternativo de resistência cultural na periferia de BH. “Esta temporada significa voltar para a base. É um estado de reconexão com o nascimento da companhia. Apresentar em Contagem e BH é um grande presente para nós, sem falar que fizemos ainda uma parceria potente com a aKasulo – Centro de Convivência LGBTQIA+, que trás a tona a multipluralidade de existências trans, ampliando novas narrativas e descobrindo novas possibilidades”, frisa Sara Vá, citando a aKasulo, que acolhe pessoas LGBTQIA + em situação de vulnerabilidade e que recebeu uma oficina gratuita da IncompetênCia sobre mediação e formação de público.

Autoetnográfico (relação do indivíduo com o meio sociocultural em que está inserido)“Arrepsia” parte da história do quarteto, que, embora já atuasse, precisou trabalhar em outras funções, uma delas enquanto garçonetes, para o próprio sustento. O elenco ainda se viu diante da falta de dramaturgias que contemplassem sua existência enquanto corpos plurais. “Buscamos refletir a realidade de grande parte de atrizes e de atores brasileiros, que não conseguem viver de sua arte e acabam tendo que buscar outras alternativas para se sustentar, mas, mesmo estando em um ambiente de bar, a gente não consegue deixar de criar e refletir nossos sonhos”, declara Malu, que esteve em “Amor Perfeito”, da Globo.

A criação e a dramaturgia de “Arrepsia”, da IncompetênCia, são coletivas. O espetáculo conta com a direção de encenação de Tiago Agar, direção musical de Talita Sanha e provocação artística de Ernani Maletta. “Um dia, eu tive meus sonhos roubados pela urgência da vida adulta. No outro dia, eu esqueci como era sonhar. Quando encontrei o ‘Arrepsia’, eu os resgatei e vi que era possível torná-los realidade”, finaliza Sarah Vá.

Em Contagem, na Região Metropolitana de BH, a quinta temporada do “Arrepsia” conta com recursos do Edital Movimenta Multilinguagens, da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Contagem. Na capital mineira, este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

SERVIÇO

“Arrepsia”, da IncompetênCia

4/07 e 5/07, às 19h – Espaço Trama (av. Carmelita Drumond Diniz, 527, Parque Maracanã) – Contagem

Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) – Disponível na portaria

Meia social mediante a doação de 1kg de alimento não perecível

11/07, às 20h, e 12/07, às 19h – Teatro Raul Belém Machado (rua Leonil Prata, 53, Alípio de Melo)

Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) – Disponível no Sympla

Meia social mediante a doação de 1kg de alimento não perecível

18/07 e 19/07, às 19h – Centro Cultural do Bairro das Indústrias (rua dos Industriários, 289, Indústrias I) – BH

Entrada Gratuita

Classificação 18 anos (menores de idade poderão entrar se acompanhados dos pais/responsáveis)

Mais Informações: @incompetencia

FOTO PABLO BERNARDO/DIVULGAÇÃO

ENREDO. Em cena, o público estará diante de quatro garçonetes. Todas elas são atrizes, e todas elas estão ralando pelo sustento, já que viver da arte ainda é um horizonte distante. Entre um atendimento e outro, o quarteto debate sobre negritude, gênero, classe social e, claro, sobre o contexto trabalhista de um país latino-americano. Apesar da intensidade dos temas abordados, a IncompetênCia é debochada.

O público, nesse universo, é o cliente do bar, que conta com torresmo, cerveja e caipirinha. Ou seja, o espetáculo é sensorial e imersivo. “Ainda estamos aqui fazendo teatro. Enquanto estivermos, queremos que o público esteja conosco, porque só faz sentido se você vem até o teatro. E é com muita alegria que vamos te receber, com uma cervejinha gelada, um torresminho e muitas novidades”, garante Gabi.

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