Comitê Covid propõe “Pacto pela Saúde” para amenizar os efeitos da onda provocada pela variante Ômicron

Comitê Covid propõe “Pacto pela Saúde” para amenizar os efeitos da onda provocada pela variante Ômicron

Na manhã desta sexta-feira (21/1), o Comitê de Enfrentamento a Covid-19 da Prefeitura de Contagem voltou a se reunir remotamente. Grande parte do secretariado ou representantes das pastas participaram da reunião que contou com a presença da prefeita Marília Campos. A última reunião do comitê  foi realizada no dia 23 de dezembro do ano passado.  Uma reunião  conjunta com os setores da economia e lideranças está prevista para a próxima segunda-feira (24/1), com a presença do Ministério Público e da Procuradoria Municipal.

Conduzida pela chefe de Gabinete, Daniela Tiffany, a reunião foi aberta pelo secretário de saúde, Fabrício Simões, que trouxe um panorama atual da pandemia em Contagem. Segundo ele, a exemplo do país, a cidade também está sofrendo com a alta dos casos provocados pela variante Ômicron, que tem exigido da Prefeitura respostas rápidas para manter o atendimento de qualidade na assistência para a população.

Em sua fala Fabrício Simões  frisou que estamos vendo um aumento dos casos de contaminação que se deram com as festas de fim de ano. Ele ressaltou a capacidade de transmissibilidade da variante que pode ser comprovada pelo aumento expressivo no número de casos confirmados no município.  “Isso tem gerado uma pressão nas Unidades Básicas de Saúde – UBSs e Upas, mas não tem pressionado os leitos, como a síndrome respiratória. Do ponto de vista da internação, com a síndrome respiratória temos sofrido mais com uma pressão grande para a internação, do que   com a Covid”, explicou.

O aumento dos casos de Covid, com sintomas leves, graças à vacinação, não tem pressionado os leitos, mas no entanto, a alta contaminação com sintomas leves tem sido um problema para a Secretaria de Saúde, quando se discute o atendimento de porta. “Nós temos visto as Upas em Contagem passando por um momento complicado. Por mais que a gente pense em uma  estratégia de  aumento de recursos humanos, sempre vai existir uma capacidade instalada e a demanda pode ultrapassar essa capacidade, fazendo o tempo de espera ficar maior”.

Ele lembrou que a Prefeitura tem feito ações como a abertura de oito unidades de saúde com horário estendido para desafogar a procura nas Upas nos Distritos Sanitários. “O volume de atendimento está maior que uma UPA. Mas, estamos de todo jeito, a todo momento, monitorando esse aumento e avaliando conforme a necessidade para que consigamos  prestar assistência de qualidade.“

Entre os efeitos sentidos por essa onda causada pela variante Ômicron, o secretário de Saúde ressaltou que ela vem atingindo as empresas privadas e o próprio serviço público.  “As  empresas   estão ficando com déficit de funcionários, são trabalhadores se ausentando, como na própria SMS em seu  prédio central e também nas UBSs, que acabam tendo servidores afastados por conta da Covid. Temos unidades sem profissionais que precisam fechar diante da ausência dos funcionários”.

Testagem da população

Para enfrentar a onda,  Contagem tem investido na testagem em 100 % dos casos, monitorando de perto com o objetivo de criar um ambiente sanitário favorável para minimizar os  impactos.

Durante a reunião, Fabrício Simões revelou que  a SMS está   estudando   uma ação mais ampliada em relação à testagem, mas sempre com essa cautela. “Estamos com uma demanda muito grande por testes neste momento. Temos que estar atentos para o procedimento para aplicação destes testes, uma vez que se não for respeitado, o prazo de manifestação do vírus, a janela imunológica, quem testa pode ter um falso negativo e voltar ao convívio e continuar circulando e transmitindo o vírus, pois está no período pré-sintomático.”

Pacto pela Vida, Pacto pela Saúde

Com o cenário explicitado pelo secretário de Saúde, Fabrício Simões, a prefeita Marília Campos abriu sua participação falando sobre a falta de um diagnóstico das autoridades sanitárias nacionais e internacionais  sobre o momento que estamos vivendo. “Se estamos em processo de pandemia ou epidemia, caminhando para uma endemia ou será uma nova pandemia, isso faz com que cada país, Estado e cidade adote uma estratégia de enfrentamento a este novo momento. Nos jornais de hoje, Uberaba já está com restrições”.

Diante do aumento expressivo de casos, a chefe do Poder Executivo destacou como está a cidade de Contagem. “Grande parte da população tem consciência, e é o caso de Contagem, que é a vacina que protege. Temos um quadro de superlotação nas unidades de saúde, mas com baixa letalidade. Numa situação como essa as pessoas não têm o nível de preocupação como tinham antes da vacina. Isso faz com o que elas relaxem nos cuidados com a máscara, atrase a segunda dose ou mesmo a dose de reforço, relaxa na convivência com as pessoas, provocando esse aumento na transmissão”, explicou.

“Diante disso, o fato é que ninguém tem um diagnóstico claro, uma estratégia clara de como enfrentar este momento. Então, aqui em Contagem, vamos adotar aquilo que é conservador, sem impor absolutamente nada, mas estabelecendo alguns cuidados.”

A prefeita propôs a criação da Campanha “Pacto pela Saúde”, para se juntar a campanha de sucesso “Pacto pela Vida”, lançada em 2021, nos primeiros dias da atual gestão. “Estamos percebendo que as pessoas estão adoecendo e não estão com a vida em risco, a não ser aqueles que não se vacinaram, que estão em estado grave. Por isso, temos que investir em uma ação de sensibilização, mobilização ativa. Proponho que cada liderança, instituição assuma em sua área essa campanha de sensibilização. O CDL,a Abrasel, as academias, a Fiemg, igrejas e vamos trabalhar com recomendações para tentar reduzir a contaminação”, explicitou.

No caso dos eventos da Prefeitura voltados para o público, a gestora municipal propôs que seja exigido daqueles que participam a comprovação da vacinação, bem como daqueles que frequentam programas como o Pratica Contagem, o Movimenta e as corridas.   Ela solicitou à procuradora do Município, Sarah Campos, que faça um levantamento sobre o que pode ou não ser exigido pela Prefeitura nesses casos.

“Estamos avaliando todas essas possibilidades jurídicas, inclusive, levantando os casos concretos que já existem pelo país, tanto na perspectiva do relacionamento da Prefeitura  com a cidade e com seus servidores, sobre o que é possível fazer e exigir enquanto órgão público”, pontuou Campos.

Nos casos de eventos, reuniões em lugares fechados, a prefeita pediu que sejam redobrados os cuidados. “Temos que transformar cada liderança, instituição privada, em agente de saúde, pois do contrário não vamos conseguir segurar essa contaminação. Não temos condição de obrigar nada, mas temos condições de sensibilizar, de convencer. Temos que promover um grande pacto, e que o pacto agora é por mais saúde: com uso da máscara, higienização das mãos, distanciamento e não aglomeração em ambientes fechados. Acredito que a Prefeitura tem que inspirar o cuidado, cobrar de seus prestadores de serviço também que eles cobrem de seus funcionários o uso das medidas para diminuir a contaminação.”

Dados epidemiológicos

Com base nos dados do Boletim Epidemiológico desta quinta-feira (20/1), o secretário de Saúde, Fabrício Simões, chamou a atenção para o Rt da cidade que está em 1,45, mostrando uma alta velocidade de transmissão da variante Ômicron.

“Neste momento, a cidade opera com 100% da UTI para Covid ocupada, enfermaria está com 86%. No entanto, tratamos esse tema com tranquilidade porque Contagem tem capacidade de aumentar esses leitos se for necessário. No pico da pandemia em março-abril de 2021, chegamos a disponibilizar 195 leitos. Estamos trabalhando com leito para Covid e para Síndrome Respiratória. Temos hoje 50 leitos no Hospital de Campanha Santa Helena, sendo 10 de UTI e 40 enfermaria e já solicitamos a abertura de mais 10 para Unidade de Tratamento Intensivo,  além dos 10 leitos no Hospital Municipal de Contagem”.  Somente no HMC neste ano foram abertos 40 leitos para clínica médica e síndrome respiratória, o que somam 60 leitos no total no município.

Os dados epidemiológicos confirmam uma curva crescente nos casos de contaminação, mas não acompanhada pela curva de óbitos que se mantém baixa por causa da alta vacinação da população na cidade. “Uma onda crescente nos últimos 15 dias que mostra que o vírus vem circulando de modo mais forte em nosso município. Foram registrados dois óbitos nos últimos dias. Mas fica evidente o sucesso da vacina  que  diminui muito a carga viral e faz com que a pessoa não transmita o vírus e não venha a óbito”, comentou Simões.

Campanha de vacinação em nova fase

Pelos dados desta quinta-feira  (20/1), 78,5% da população está imunizada com a primeira dose, 74,70%  com esquema completo e  25,80% com a dose de reforço. Quando considerada a população acima de 12 anos são 88,1%  com a primeira dose; 83,9% com segunda dose. Entre o público infantil, o secretário destacou que a vacinação está mais lenta. “Há ainda muita dúvida dos pais com relação à vacinação”, frisou.

Pelos dados das SMS foram vacinadas até esta quinta-feira (20/1), 0,4%, que são as crianças quilombolas, indígenas e as que possuem alguma comorbidade e/ou deficiência. Nesta sexta-feira (21/1), começou a vacinação das crianças de 11 anos sem comorbidades. A cidade teria, aproximadamente, 70 mil crianças no total. “Percebemos nessa primeira semana de vacinação das crianças uma velocidade mais lenta com muitos pais questionando, com muitas dúvidas. Estamos intensificando com o apoio de todo o governo, em especial da Secretaria de Comunicação, para que consigamos ampliar, já que em breve teremos que discutir também o período escolar”, disse Simões.

“Em Contagem toda vacina que chega  vai direto para o braço da população. Aqui ela não fica parada. A média de aplicação está em 90%. A gente só espera para respeitar os intervalos orientados pelo Ministério da Saúde”, completou.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, René Vilela, ressaltou em sua participação a necessidade de restabelecer uma repactuação diante da onda provocada pela variante Ômicron, como propôs a prefeita Marília Campos.  “Precisamos colocar novamente no radar alguns setores da economia que podem implicar em maior risco de transmissão e alinhar novas medidas para enfrentar este momento”.

Vilela destacou o diálogo permanente que tem tido com a Secretaria de Saúde e as conversas para fazer um levantamento dos setores com maior risco de transmissão e assim buscar restabelecer a repactuação de medidas sanitárias para que segmentos não sofram ainda mais com a pandemia. “O setor de comércio, incluindo os shoppings, supermercado, precisamos alinhar com eles a atualização das medidas sanitárias para frear a transmissão e garantir o funcionamento”.

O presidente da Transcon, Renato Ribeiro, também  relatou em sua fala uma pressão  interna na autarquia por conta da alta contaminação entre os colaboradores. Ele solicitou que a Secretaria de Saúde elabore um direcionamento para os órgãos públicos que estão sofrendo com a alta transmissão da variante Ômicron. O secretário de Esporte e Lazer, Rubens Macedo (Rubão), também destacou  a necessidade de uma orientação formal da SMS para saber como proceder diante dos eventos e atividades que aglomeram as pessoas. “A secretaria de Esporte e Lazer é a porta de entrada de eventos na cidade e  diante deste cenário, ficamos em um  impasse se liberamos  ou não a permissão para os eventos”.

O representante da Regional Eldorado, Fábio Noronha (Sabão), relembrou o período crítico vivenciado pela cidade com restrição e confinamento, que foi sendo reduzido com a chegada da vacinação. Ele sugeriu a adoção do passaporte vacinal, a exemplo do que está sendo feito em grandes cidades brasileiras, para o ingresso e permanência em locais fechados e/ou de aglomeração. Segundo ele, “a medida pode servir de estímulo para que aqueles que não tomaram a vacina ou não completaram o esquema vacinal, o façam.”

O secretário de Comunicação, Rodrigo Paiva,  ressaltou que desde que a pandemia começou, o tema Covid nunca saiu da pauta da atual gestão. “Tivemos um  período em que ela era pauta predominante. Com o avanço da vacinação ela perdeu a  força, inclusive, com o  arrefecimento dos casos e  com a queda expressiva no número de óbitos”. Paiva lembrou o sucesso da Campanha “Pacto pela vida”, que teve em suas palavras uma capilaridade gigante por toda a cidade, com adesão massiva dos contagenses, além da ótima aceitação dos setores econômicos, como o comércio.

Sobre a proposta da prefeita Marilia Campos em criar a campanha “Pacto pela Saúde”, Paiva acredita assim como a prefeita, da possibilidade de partir da Campanha “Pacto pela Vida” diante do sucesso que teve. “Avaliamos que temos que partir do que já temos, para repactuar para esse novo momento da pandemia. Nesse sentido, precisamos focar na repactuação dos protocolos, no reforço da necessidade de manter os cuidados básicos, capacidade de ampliação de leitos, os impactos que a contaminação pode causar na economia, além do foco na importância da vacinação das crianças e da necessidade da segunda dose e dose de reforço, nos maiores de 12 anos”.  Ele adiantou aos presentes que uma nova uma campanha abordando a vacinação das crianças está em elaboração para conscientizar os pais da importância de imunizar este público.

“Já estamos fazendo ações mais afirmativas e de convencimento para a vacinação do público infantil”, afirmou. O secretário de Comunicação ainda sugeriu levar para as ações da comunicação os casos mais graves como daqueles que não vacinaram, ressaltando mais uma vez a importância da vacina que salva vidas.

“Vamos ter que nos adaptar a conviver com o vírus”

A subsecretaria de Saúde, Rejane Balmant Letro, afirmou durante o encontro que a variante Ômicron nos mostra que precisaremos conviver com o vírus. “Ele, o vírus, já deu respostas claras de que não vai terminar por aqui. Infelizmente, temos isso no horizonte. Nem sempre vamos ser capazes de prever esse caminho do vírus, por isso temos que estar prontos para nos adaptar a ele, estabelecendo a educação e promoção em saúde, pensando sempre no senso coletivo. É importante reforçar as medidas não farmacológicas de prevenção, principalmente, contra a variante Ômicron, como o uso da máscara, distanciamento, evitar aglomerações, evitar lugares fechados, investir na testagem, no  isolamento e quarentena para os contaminados, bem como a importância da vacinação para proteger a toda a população, não permitindo o aparecimento de quadros graves da doença e vacinar as crianças em um curto período de tempo.”

Ela destacou ao final a liberação da vacina Coronavac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa que liberou na nesta quinta-feira  (20/1), o imunizante para a vacinação das crianças, o que pode agilizar ainda mais todo o processo.

A chefe de Gabinete, Daniela Tiffany, ressaltou que “ninguém que a cidade pare, ninguém quer andar para trás, mas precisamos do envolvimento de todos e todas, pois como a gente observou a taxa de mortalidade reduziu significativamente, o que é excelente, muitas vezes há uma banalização dos impactos e da capacidade de transmissão da Covid e da nova variante, que tem um transmissão muito rápida.   Acho que a mobilização é fundamental, esse pacto permanente pela vida”.

Repórter:  – Foto: Jefferson Lorentz/PMC