Estudantes do CEFET-MG constroem veículos eficientes, em cenário de crise ambiental e preços altos

Estudantes do CEFET-MG constroem veículos eficientes, em cenário de crise ambiental e preços altos
Ecofet, equipe membro do Núcleo de Engenharia Aplicada a Competições, constrói protótipos automotivos, com o objetivo de participar de competição de eficiência energética

Em outubro de 2021, a gasolina chegou a ser encontrada a R$ 7 em postos pelo Brasil. Os combustíveis fósseis, além de estarem sofrendo diversos aumentos em seu preço e pesando no bolso dos motoristas, contribuem de forma determinante para o aquecimento global e são recursos finitos: um estudo da empresa petrolífera British Petroleum prevê que as atuais reservas podem acabar em 2067. Mesmo veículos elétricos – que são tidos como mais eficientes e menos poluidores – trazem impactos ambientais na fabricação e descarte de suas baterias, e a energia elétrica usada na sua recarga pode vir de fontes poluentes.Com todos esses problemas no horizonte, e o uso intenso de veículos particulares, como podemos pensar em melhorar a eficiência dos nossos carros? Esta é uma das questões que move estudantes da Ecofet, equipe membro do Núcleo de Engenharia Aplicada a Competições, com sede no campus Nova Gameleira do CEFET-MG. A equipe é composta por estudantes de diversas áreas e constrói protótipos automotivos, com o objetivo de participar de uma competição de eficiência energética.Bernardo Lima, estudante de Engenharia Elétrica e capitão da equipe, explica a importância de que projetos como a Ecofet se dediquem a pensar na forma como os carros são construídos. “A cada dia, torna-se mais importante o consumo eficiente de recursos. Essa mentalidade também deve ser expandida para a energia, especialmente no contexto atual de crise hídrica, que afeta diretamente a geração de energia elétrica no Brasil, que passa a depender de usinas termelétricas, alimentadas com a queima de combustíveis fósseis”, afirma. Para Bernardo, uma forma de evitar os problemas que têm acontecido é tornar o gasto energético de veículos mais eficiente e limpo. “Isso só é possível, atualmente, através da utilização de biocombustíveis, como o etanol, ou com veículos elétricos que possuem altíssima eficiência”, explica. “Assim, trazer esse conhecimento para estudantes de engenharia que futuramente estarão no mercado de trabalho é extremamente importante”.A Ecofet conta com dois protótipos, um elétrico, movido por um motor do tipo BLDC, e outro movido por um motor à combustão de etanol. O carro à etanol, já comum nas ruas brasileiras, usa um combustível obtido, principalmente, a partir da fermentação da cana-de-açúcar, que diminui a emissão de monóxido de carbono e é fabricado a partir de fontes renováveis. Já o motor do tipo BLDC usa ímãs que convertem a energia elétrica em energia mecânica. O trabalho dos estudantes é justamente fazer com que esses motores consigam ser mais eficazes. “Os carros construídos pelo Ecofet buscam atingir o menor consumo energético possível, seja em veículos propulsiona[1]dos por motores de combustão interna movidos a etanol ou motores elétricos”, conta o estudante.Em ambos os veículos, os estudantes trabalham com o conceito de “downsizing”, buscando reduzir o tamanho dos motores utilizados. “Isso traz alguns problemas inerentes, como a baixa potência de tais propulsores. Consequentemente, trabalhamos muito na parte de controle dos motores, para conseguir extrair o máximo de eficiência de cada projeto”, conta Bernardo. “Outro ponto de suma importância é a redução do peso dos veículos, por isso trabalhamos apenas com materiais de ponta, construindo o chassi em alumínio e a carenagem em fibra de carbono”.Anualmente, os estudantes da Ecofet participam da competição global Shell Eco-Marathon. Desde sua fundação, em 2007, a equipe participou de mais de dez competições e esteve no pódio diversas vezes. Além da constante melhora nos protótipos já construídos, os alunos do CEFET-MG também olham para outras formas de pensar a mobilidade nas cidades. “Já iniciamos o projeto de um veículo elétrico de conceito urbano, que em um futuro próximo substituirá o atual protótipo elétrico”, afirma o capitão da equipe.Segundo dados do Ministério da Infraestrutura, o Brasil contava, em dezembro de 2020, com mais de 58 milhões de automóveis. É esse enorme mercado que os estudantes da Ecofet buscam revolucionar. “A equipe também ajuda a preparar futuros engenheiros para levar ao mercado de trabalho um pensamento mais eficiente, capaz de otimizar ainda mais os projetos, visando tanto os materiais empregados, quanto os processos que serão executados”, projeta Bernardo.