A contradição de Nikolas Ferreira e seu apoio envergonhado para Mateus Simões ao governo de Minas
Por Carlos Perdigão de Oliveira
Sociólogo, Jornalista e Escritor
O deputado Nikolas Ferreira (PL) foi o último político a visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro antes dele ser levado para a superintendência da Polícia Federal em Brasília, o que significou um endurecimento da sua condição de preso provisório. No contexto dessa visita, porém, o que chamou a atenção foi as seguintes declarações contraditórias do maior influenciador político nas redes sociais: afirmou que quem será o porta-voz da vontade do ex-presidente Bolsonaro será o seu filho, o Senador Flávio “as definições agora ficam a cargo do Flávio Bolsonaro para a gente ter essas próximas definições”, porém, em ato continuo, Nikolas fala que Bolsonaro teria feito um comentário favorável ao nome de Domingos Sávio para Senador em Minas, “De fato o presidente Bolsonaro deixou ali, em conversa privada comigo, “eu vi que saíram algumas notícias de um nome ser mais viável, do Domingos Sávio, do PL, para o Senado aqui em Minas Gerais” a gente sabe que agora é o momento de ter uma unidade, de ter uma união, não obviamente ultrapassando e ignorando a nossa essência, porque a gente não quer se unir também com quem não vale a pena, mas de ter uma união para poder derrotar o PT”.
Ora, como Nikolas consegue em um mesmo raciocínio falar que apenas Flavio Bolsonaro fala em nome do pai e imediatamente afirmar que Jair Bolsonaro estaria curioso com a viabilidade política do deputado Domingos Sávio para o Senado? Pessoas ligadas a ala mais ideológica do PL em Mina Gerais acreditam que essa postura de Nikolas Ferreira se dá pela proximidade pública e notória de Sávio com o pré-candidato ao governo de Minas, Vice-Governador Mateus Simões que, inclusive, esteve recentemente com Nikolas em visita ao BOPE como uma primeira aproximação pública e sinalização para acalmar as forças policiais que detestam o atual governo e que são, majoritariamente, composta por servidores identificados com a direita política.
Domingos Sávio seria um nome muito mais apto para o diálogo e formação de alianças políticas com membros do atual governo de Minas do que, por exemplo, o Deputado Estadual Cristiano Caporezzo, que é Cabo da Polícia Militar e visto como sendo alguém de “extrema direita”, inclusive, muito alinhado ideologicamente com o próprio Nikolas do que o primeiro. Acontece que Caporezzo visitou o presidente Bolsonaro no dia 23 de novembro e afirmou o ex-presidente desejaria duas vagas para o Senado pelo PL, uma chapa pura, que até o momento foi ignorada em entrevistas pelos demais correligionários.
Diversos cientistas políticos afirmam que Domingos Savio não teria endossado essa afirmação de Caporezzo por, em um primeiro momento, desejar uma candidatura única para conseguir indicar o vice-governador da chapa do pupilo de Zema, Matheus Simões, segundo por uma questão de viabilidade política. Domingos, que se autointitula de centro-direita, de um lado perderia os votos do centro para candidatos como senador Carlos Viana e o secretário de governo Marcelo Aro, por outro com Caporezzo candidatando-se, toda a direita raiz viria com ele.
Uma vez que essa ala da direita mais radical não consegue aceitar o fato de Domingos Sávio ter 34 anos de PSDB, ter votado pela manutenção da prisão do deputado Daniel Silveira, bem como ter sido citado com o codinome “Sábado”, na lista do escândalo de corrupção da Ordebrech em 2017, segundo o ex-executivo Benedicto Barbosa da Silva Júnior (BJ), durante as investigações da operação Lava a Jato.
Pelo perspectiva acima, fica justificado também a fala de Nikolas no sentido de formar uma “aliança para derrotar o PT” único contexto onde alguém que diz ter orgulho de nunca se envolver em nenhum esquema de corrupção, estaria fazendo malabarismos políticos para viabilizar uma aliança bastente envergonhada com o zemista Mateus Simões para o governo de Minas. Por fim, a amizade de Caporezzo com os filhos de Bolsonaro, em especial Eduardo que está exilado nos EUA, também pode gerar desconforto para Nikolas que teve rusgas recentes com o amigo brasileiro do governo Trump.
Foto: divulgação redes sociais (instagram)

