ABBC projeta fim do ciclo de alta da taxa de juros com aumento de 0,25 p.p. na Selic

Economista da entidade propõe que Copom sinalize com clareza como choques globais podem influenciar no cenário inflacionário brasileiro

A ABBC – Associação Brasileira de Bancos projeta a elevação de 0,25 p.p. na Selic durante a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre entre 17 e 18 de junho. Com a elevação, a taxa básica de juros ficará em 15% a.a., maior patamar alcançado em 20 anos.

Diante do cenário atual, as análises da Assessoria Econômica da ABBC indicam que o Copom deveria reforçar a importância de manter a liberdade para agir na condução da política de juros, deixando claro que as decisões vão depender do que acontecer com os principais indicadores econômicos e financeiros, garantindo mais flexibilidade e agilidade para responder a mudanças no panorama.

Em maio, o Copom elevou a Selic para 14,75% ao ano, sem indicar os próximos passos, adotando postura cautelosa diante da incerteza externa e da necessidade de avaliar os efeitos do aperto monetário. Já o cenário inflacionário mostrou leve melhora, com queda nas expectativas do Focus e sinais positivos no comportamento das commodities.

Ainda assim, a inflação de serviços segue elevada. A atividade econômica não indica desaceleração abrupta, e a taxa real de juros permanece em nível contracionista, com o câmbio apreciado e o petróleo em alta. Esse conjunto de fatores seguirá orientando as decisões futuras.

“Nesse sentido, ao se incorporar a atualização dos dados, certamente haverá uma melhora nas projeções do cenário de referência do Copom, que em maio indicava uma inflação anualizada de 4,8% para 2025 e 3,6% para 2026. Todavia, com as estimativas ainda permanecendo distantes da meta e a necessidade de flexibilidade e cautela para as decisões de política monetária, e para evitar uma precipitada antecipação do início do ciclo de cortes, entendemos como oportuno mais um aumento residual de 0,25 p.p. na taxa Selic, encerrando o ciclo de elevação em 15,00% a.a. Essa estratégia contribui para garantir a convergência da inflação à meta”, explica Everton Gonçalves, diretor de Economia, Regulação e Produtos da ABBC.

A respeito do que esperar para o comunicado do Copom, Gonçalves acredita que, embora seja difícil medir com precisão os impactos das disputas comerciais globais, seria importante que o Comitê avaliasse com mais clareza como esses choques podem influenciar suas decisões sobre os juros.

“Especialmente, seria útil explicar melhor como o Comitê enxerga os caminhos pelos quais essas tensões afetam a economia, o câmbio e, no fim das contas, os riscos para a inflação. Isso ajudaria a tornar sua comunicação mais transparente e alinhada às expectativas do mercado. Além disso, com o fim do ciclo de alta dos juros se aproximando, divulgar projeções com base em um cenário em que a Selic fique estável no período relevante poderia ser uma boa forma de reduzir a incerteza e a volatilidade nos mercados”, encerra Gonçalves.

Sobre a ABBC – A ABBC – Associação Brasileira de Bancos é uma entidade sem fins lucrativos, instituída em 1983, com o objetivo de colaborar com o aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. Atualmente, a ABBC tem mais de 120 instituições associadas (entre bancos, cooperativas de crédito, instituições de pagamento e financeiras) e está entre as maiores entidades representativas do SFN. Entre os pilares estratégicos da instituição estão representatividade; prevenção a fraudes e cibersegurança; e competitividade no mercado financeiro.