Ação social leva saúde visual e doação de óculos a crianças em situação de vulnerabilidade em Porto Alegre

Projeto Olhos da Vida promove atendimentos oftalmológicos e entrega gratuita de óculos a 40 crianças da Comunidade São Pedro
Cuidar da visão é, também, cuidar da educação e do futuro. No dia 7 de junho, das 10h ao meio-dia, 40 alunos do Instituto Vida Solidária (IVS), moradores da Comunidade São Pedro, em Porto Alegre, receberam atendimento oftalmológico gratuito e doação de óculos por meio de uma ação social realizada na Clínica CORS (Avenida Senador Tarso Dutra, 10). A iniciativa integrou a terceira edição do Projeto Olhos da Vida, uma parceria entre o Centro de Olhos do Rio Grande do Sul (CORS), o Instituto Melnick, o IVS e a Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), com apoio da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul (SORIGS) e contribuição das ópticas Coliseu, Damiani, Foernges, São José e Zeiss.
A atividade faz parte de um esforço contínuo para garantir acesso à saúde visual a pessoas em situação de vulnerabilidade, promovendo não apenas o diagnóstico precoce de problemas oftalmológicos, mas também o fornecimento de lentes e armações adequadas às crianças atendidas.
“Essa ação foi essencial, porque muitos desses jovens talvez demorassem muito para conseguir uma consulta e, mesmo que conseguissem, ainda enfrentariam dificuldades para adquirir os óculos. Programas como esse são fundamentais e deveriam acontecer com mais frequência. Eles vão muito além do atendimento social. Promovem saúde, contribuem para a formação das crianças e impactam diretamente no desempenho escolar. Quando cuidamos da saúde visual, estamos também cuidando da educação”, afirmou a coordenadora do Instituto Vida Solidária, Carmem Reis.
Para muitas famílias, a oportunidade foi única. Nara Machado, mãe da menina Mel Dandar, de 12 anos, aluna do IVS, destacou a importância do projeto.
“Vim porque quero o melhor para minha filha. Muitas vezes a gente acaba adiando esse tipo de cuidado por falta de acesso ou de condições. Então quando aparece uma oportunidade como essa, a gente precisa aproveitar”, relatou.
O Centro de Olhos do Rio Grande do Sul foi fundado em 2002 pelos médicos oftalmologistas Airton Leite Kronbauer e Fernando Leite Kronbauer – que coordena o projeto Olhos da Vida. A médica oftalmologista Cláudia Leite Kronbauer, responsável por parte dos atendimentos, explicou que identificar e tratar problemas de visão na infância pode transformar a trajetória escolar de uma criança.
“As crianças desenvolvem a visão até os oito anos de idade. Muitas vezes elas se adaptam com facilidade a dificuldades visuais, o que pode fazer com que a necessidade de óculos passe despercebida. Com ações como essa, conseguimos identificar casos que realmente precisam de correção visual, muitas vezes antes mesmo do início da vida escolar”, destacou.
Dra. Cláudia também relatou situações comuns durante os atendimentos, como alergias oculares, ardência e o uso excessivo de telas, além de assimetrias entre os olhos que podem evoluir para ambliopia — condição que afeta o desenvolvimento da visão.
O medico Fernando Kraunbauer ressaltou que o acompanhamento visual na infância é essencial para prevenir diagnósticos equivocados e promover o bom desempenho escolar.
“Muitas vezes, a criança apresenta baixo rendimento ou é erroneamente associada a transtornos como autismo, quando, na verdade, o problema está relacionado à visão. Hoje mesmo atendi pelo menos quatro crianças com dificuldades visuais que nunca tinham passado por um oftalmologista”, comentou.
Segundo Dr. Kraunbauer, a visão é um processo de aprendizado que se desenvolve com o tempo e precisa ser estimulado desde os primeiros anos de vida.
“A criança aprende a enxergar. Se a correção for feita só depois dos seis ou sete anos, é provável que a visão já esteja comprometida de forma permanente. Por isso, o ideal é que toda criança passe por uma consulta oftalmológica ainda no primeiro ou no segundo ano de vida, especialmente no período de alfabetização”, completou.
A previsão de entrega dos óculos é de 7 a 10 dias.
Redação: Marcelo Matusiak