HC-UFU/Ebserh apoia campanha de prevenção ao HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis

HC-UFU/Ebserh apoia campanha de prevenção ao HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis

Hospital realizou mais de 1.800 atendimentos ambulatoriais e registrou 55 internações de pessoas com HIV, até novembro deste ano (2025)

Dezembro Vermelho é o mês de Prevenção ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC‑UFU), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), apoia a campanha.
O HC-UFU é referência no atendimento de assistência terciária às pessoas que vivem com HIV (PVHA) na cidade de Uberlândia e na macrorregião do Triângulo Norte. Até novembro deste ano (2025), o HC-UFU realizou mais de 1.800 atendimentos ambulatoriais e registrou 55 internações de pessoas com HIV.
O hospital disponibiliza a PEP (Profilaxia Pós-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais) para as vítimas de acidentes/exposições a materiais de risco biológico, quando indicada, após atendimento e avaliação da equipe de profissionais do hospital capacitada para essa assistência. O serviço tem um protocolo institucionalizado e referenciado, conforme as orientações mais atualizadas do Ministério da Saúde (MS).
O Ambulatório de Infectologia do HC-UFU realiza a distribuição de preservativos. A Farmácia também realiza a distribuição de insumos para as PVHA ou outras IST, como preservativos e lubrificantes. O teste rápido para detecção do HIV é disponibilizado para pessoas internadas, em algumas situações, como na ginecologia e obstetrícia. As medicações específicas são fornecidas de maneira gratuita, para pacientes internados ou atendidos em nível ambulatorial.
“Em todo o programa de HIV/Aids do MS implantado, o fornecimento de todos os insumos é gratuito, inclusive das medicações. É um programa de referência internacional, muito bem organizado no sentido de fornecer assistência, vínculo e cuidados para quem vive com HIV. Essa atenção especializada gratuita, envolve tanto pacientes internados, quanto ambulatoriais, de qualquer nível”, afirma José Humberto Caetano Marins, infectologista no HC-UFU.
O HC-UFU também realiza a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), uma das estratégias dentro do Programa de Prevenção Combinada do MS, a qual compreende o uso de comprimidos ingeridos em um contexto prévio às exposições sexuais e que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. “A gente realiza esse atendimento dentro do público que a gente atende, como, por exemplo, as parcerias de PVHA “, explicou o infectologista.
Tratamento

“Os pacientes que vivem com HIV e que estão internados aqui, quando recebem alta, são direcionados para o Ambulatório de atendimento às PVHA. Para outras IST tratadas no HC-UFU, como a sífilis, também é feito o encaminhamento para o Ambulatório de Infectologia. O acompanhamento para as PVHA é realizado de forma contínua. O paciente realiza os exames de rotina, as avaliações da imunidade, o controle do vírus (dentro do programa e vacinações) dentre outras propedêuticas. As medicações são organizadas da melhor forma para que aquela pessoa se adapte bem ao tratamento e fique vinculada a um cuidado contínuo e com boa qualidade de vida. No caso das IST, o acompanhamento segue até que elas se curem, quando possível e o paciente receba alta”, explicou o especialista.
Pessoas com HIV que fazem o tratamento não transmitem o vírus

Os medicamentos antirretrovirais (TARV), os quais impedem a multiplicação do HIV no organismo surgiram na década de 1980. Desde 1996, o Brasil distribui, legalmente e de forma obrigatória e gratuita a TARV a todas às PVHA que necessitam de tratamento. Pessoas que fazem o tratamento corretamente e estão com a carga do vírus muito baixa não transmitem o vírus através da transmissão sexual para outras pessoas (“Risco zero de transmissão”), contribuindo para a redução da epidemia.
HIV e Aids não são a mesma coisa

O HIV é um vírus que ataca o sistema imunológico, quando não tratado pode evoluir para a Aids, que representa o estágio mais avançado da infecção pelo HIVOu seja, uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, mas não necessariamente apresentar sintomas ou desenvolver Aids.
Avanços e desafios, segundo o especialista

“O tratamento de quem vive com HIV está extremamente avançado no mundo. Até há duas, três décadas atrás, as medicações eram compostas por princípios ativos que tinham mais efeitos adversos, uma tolerância muito ruim, e que atrapalhavam muito o controle. Hoje não mais. Para você ter uma ideia, no Brasil a gente tem possibilidades de dar medicações em comprimidos em dose única, dois ou três, no máximo, e a gente adapta isso à vida das pessoas. No mundo atual, países desenvolvidos têm possibilidades ainda melhores, até de medicações injetáveis a cada dois, três ou até seis meses”, relata o médico.
Os avanços são muito grandes no tratamento e na prevenção, como a PrEP, hoje com modalidade de comprimido diário (PrEP diária) ou sob uma demanda de disposição (PrEP sob demanda). As injeções para a prevenção também vão chegar. E já existem pesquisas para ferramentas de profilaxia com adesivos e anéis vaginais, por exemplo.
Em relação à pesquisa de cura, também existem avanços para tentar eliminar o vírus do corpo da pessoa totalmente, o que ainda está mais distante. Mas, devem chegar substâncias nos próximos cinco a dez anos, que talvez vão poder ser usadas para deixar a defesa da pessoa combatendo o vírus sem as medicações.
Atualmente, mais de um milhão e cem mil pessoas vivem com HIV no Brasil, mas cerca de 130 mil não sabem da sua condição sorológica. Se uma pessoa que está entre os seus 20 e 30 anos é diagnosticada hoje com HIV e realiza o tratamento, pode ter a mesma sobrevida de quem não tem HIV. Alguns países têm registro de que as PVHA vivem mais do que quem não vive com HIV, porque como o vírus está bem controlado, a pessoa fica vinculada a um serviço cuidando de diabetes, hipertensão, das doenças metabólicas, que poderiam ser fatores de risco para outros problemas.
“Cidades que conseguiram combinar o manejo do HIV com a PrEP, como São Paulo, reduziram o número de casos novos. A PrEP tem uma eficácia para reduzir o número de novos casos de HIV, mas tem que ser usada em mais pessoas, muito mais pessoas do que o número de PVHA. Para a PrEP funcionar, para cada PVHA teria que ter três que usassem PrEP. Então, o desafio é divulgar e fazer a ferramenta chegar a essas populações vulneráveis”, comenta o médico.
Outra barreira importante é o estigma e a discriminação ainda muito frequente, preocupante e deletério para às PVHA, o que contribui para que essas pessoas desistirem de acompanhar de forma adequada o seu cuidado, assim quanto até para quem faz uso de PrEP, que às vezes também é marginalizado. A PrEP não foi feita para a pessoa deixar de usar preservativo. Ela é só mais uma ferramenta de prevenção combinada, que envolve outras ferramentas como as vacinas para evitar IST, testagens, controle laboratorial e também estimular o uso de preservativos, sempre que possível. É um conjunto, pois o programa é sempre para promover a melhora da saúde sexual da pessoa. “Pessoas que usam PrEP são confundidas com quem vive com HIV e sofrem discriminações. O preconceito é um desafio que tem que ser ultrapassado, tanto na população, com ações de promoção socioculturais e de políticas públicas, quanto nos próprios serviços de saúde”, concluiu José Marins.
Rede Ebserh

O HC-UFU faz parte da Rede Ebserh desde maio de 2018. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.