Outubro Rosa: Dados alarmantes sobre o câncer de mama no Brasil e queda nas mamografias em Minas Gerais

Outubro Rosa: Dados alarmantes sobre o câncer de mama no Brasil e queda nas mamografias em Minas Gerais

A luta contra o câncer de mama continua, mas a prevenção enfrenta desafios significativos, com destaque para a redução do número de mamografias em Minas Gerais.

O Outubro Rosa, movimento mundial dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, chama atenção este ano para um cenário preocupante no Brasil. Dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam mais de 73 mil novos casos de câncer de mama em 2024, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres, sendo a doença responsável por cerca de 30% dos diagnósticos oncológicos entre as mulheres no país. A detecção precoce continua sendo uma das principais armas na luta contra essa doença, mas, paradoxalmente, o acesso a exames preventivos, como a mamografia, tem caído em algumas regiões, agravando o quadro.
Em Minas Gerais, a situação é particularmente alarmante. O estado, que historicamente tem apresentado índices razoáveis de cobertura mamográfica, registrou uma queda de 58% no número de exames realizados no último ano, conforme apontam dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). O levantamento do Sistema de Informações de Câncer (SISCAN) mostra que as 14 macrorregiões de saúde espalhadas pelo Estado somaram 176.966 procedimentos em 2023 ante 423.333 computados em 2022. Todas tiveram reduções de mais de 50% na procura pelo exame. No Nordeste mineiro, a situação é ainda mais delicada, com uma baixa de 63% no total de mamografias realizadas.
De acordo com a ginecologista e coordenadora do internato de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário UniBH, Daisy Martins Rodrigues, tamanha queda pode resultar em diagnósticos mais tardios, aumentando as chances de complicações e mortes: “A redução no número de mamografias em Minas Gerais é preocupante, pois pode levar a diagnósticos tardios, o que dificulta a corrida contra o tempo para um tratamento eficaz. Quando o câncer de mama é detectado mais tarde, ele geralmente já está em estágios avançados, o que aumenta os riscos e limita as opções de tratamento, tornando a recuperação mais complexa e menos segura”, conta.
A mamografia é recomendada para mulheres entre 50 e 69 anos, faixa etária em que a incidência de câncer de mama é mais elevada. Com uma meta estabelecida pelo Ministério da Saúde de 70%, a cobertura insuficiente preocupa os profissionais de saúde, que ressaltam a importância do diagnóstico precoce para o sucesso do tratamento. Em estágios iniciais, as chances de cura podem ultrapassar 90%, mas isso depende diretamente do acesso à mamografia.
“Na maior parte dos casos, quando o câncer de mama é diagnosticado precocemente, ele geralmente está em um estágio inicial, o que significa que o tumor ainda está pequeno e não se espalhou para outras partes do corpo. Nesse cenário, as opções de tratamento são mais eficazes e menos invasivas, aumentando significativamente as chances de cura. Quanto mais cedo o tratamento começa, maior a probabilidade de controlar a doença antes que ela progrida”, destaca a especialista.
Com o tema “Mulher: seu corpo, sua vida”, a campanha de 2024 para conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero simboliza um auto abraço, reafirmando o protagonismo feminino e valorizando o autocuidado. A campanha foi lançada no dia 1º de outubro e será amplamente divulgada pelo Ministério da Saúde, com vistas à conscientização das mulheres de todo o país.
Deu positivo. E agora?
Receber um diagnóstico de câncer de mama ou de colo do útero é um dos momentos mais desafiadores na vida de uma mulher. Segundo a psicóloga e docente do UniBH, Gisele Moraes Silveira Guilhermino, o primeiro passo é reconhecer e aceitar os sentimentos que surgem, como medo, tristeza e incerteza. “É normal sentir-se fragilizada, mas é importante não deixar que esses sentimentos dominem o processo. Acolher o que se está a passar, sem se culpar, é essencial para manter a mente forte durante o tratamento”, destaca a especialista.
Gisele também ressalta a importância de uma rede de apoio sólida, que pode incluir familiares, amigos e grupos de apoio especializados. “Ter pessoas com quem se pode contar faz toda a diferença. Essas pessoas não apenas oferecem suporte emocional, mas também ajudam a mulher a não se sentir sozinha na luta contra a doença”, explica. O apoio psicológico, tanto individual quanto em grupo, também é uma ferramenta valiosa para ajudar a paciente a processar o diagnóstico e encarar os desafios de forma mais equilibrada.
Por fim, a professora alerta sobre a importância de não deixar o medo paralisar o processo de recuperação. “O medo é uma reação natural, mas é fundamental não deixá-lo impedir a mulher de buscar a cura. Manter uma atitude positiva e focada no tratamento, confiando nos médicos e em si mesma, é uma forma poderosa de enfrentar o câncer. Cada passo dado, por menor que seja, é um avanço em direção à superação da doença”, conclui.

 

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