Trabalho de inteligência do TJMG prende membros de organização criminosa

Trabalho de inteligência do TJMG prende membros de organização criminosa

Grupo estava envolvido em fraudes em sistemas do CNJ

Um trabalho de inteligência desenvolvido pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em conjunto com a Corregedoria-Geral de Justiça (CGJMG) e com apoio da Divisão de Segurança da Informação (DISI), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), resultou na prisão de nove pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa envolvida em tentativas de fraudes em sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
As prisões, assim como a apreensão de veículos de luxo, joias, computadores e celulares, foram realizadas nesta quarta-feira (10/12), durante a operação “Veredicto Sombrio” da PCMG, deflagrada nas cidades de Belo Horizonte, Sete Lagoas (região Central) e Jacutinga (Sul do Estado).
Como parte da ação, também foi determinado o bloqueio de aproximadamente R$ 40 milhões, incluindo cerca de US$ 180 mil em criptoativos.
Segundo as investigações, o grupo realizava o uso indevido de credenciais vinculadas a magistrados e servidores do TJMG para acessar sistemas do CNJ como o Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP), o Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud) e o Registro Nacional de Veículos Automotores Judicial (Renajud).
O grupo criminoso também atuava em outras frentes como golpes do falso advogado e fraudes que causaram importantes prejuízos financeiros a empresas e bancos.
As informações coletadas pela equipe do GSI do TJMG foram compartilhadas com a 3ª Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (3ª Draco/Deoesp), que aprofundou as apurações e identificou a organização voltada à prática de fraudes e lavagem de dinheiro.

A juíza auxiliar da CGJMG Andréa Cristina de Miranda Costa e o juiz auxiliar da Presidência do TJMG Marcelo Fioravante participaram da coletiva de imprensa (Crédito: Riva Moreira / TJMG)

Durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta, o juiz auxiliar da Presidência do TJMG Marcelo Rodrigues Fioravante afirmou que os trabalhos de monitoramento e investigação duraram aproximadamente seis meses:
“O combate ao crime organizado, hoje, é um dos maiores desafios do Estado brasileiro. Há uma tentativa de recrudescimento da legislação para fazer frente a essas iniciativas. Uma delas, a que estamos nos deparando hoje, é uma das mais ousadas: acesso e alteração de sistemas judiciais.”
Ele destacou ainda que toda a fraude realizada pela organização criminosa foi identificada, assim como as principais pessoas envolvidas.
“Nós estamos, agora, finalizando a 1ª fase dessa investigação, necessária para estancar a atuação da organização. A partir das apurações da dimensão desse trabalho criminoso, as investigações podem avançar.”
Ainda segundo o juiz Marcelo Rodrigues Fioravante, a operação “Veredicto Sombrio” também tem relação com a prisão de um hacker suspeito de envolvimento em ameaças ao influenciador digital Felca. O preso trabalhava com vendas de credenciais de acesso a sistemas judiciais de magistrados e servidores de vários tribunais do País, incluindo a Corte mineira.
“Algumas dessas credenciais eram de magistrados e servidores do TJMG e estariam sendo utilizadas por essa organização para tentar fraudar nossos sistemas. Uma dessas frentes fez com que o nosso serviço de inteligência identificasse ações dessa organização, também, a partir da prisão do hacker relacionado às ameaças ao influenciador Felca.”
Segurança
A juíza auxiliar da CGJMG Andréa Cristina de Miranda Costa, presente na coletiva de imprensa, falou sobre a segurança dos sistemas usados pelo Judiciário brasileiro, ressaltando o trabalho de inteligência realizado pelo GSI do TJMG.
“Nosso serviço de inteligência detectou a tentativa de alguns acessos fraudulentos aos nossos sistemas e, com base nesse levantamento, e na verificação feita por alguns magistrados, começou-se a investigação que culminou com a deflagração da operação. Gostaríamos de deixar claro que os sistemas são totalmente confiáveis e estamos atentos a qualquer tentativa de fraude. Esses criminosos, com certeza, encontrarão aqui em Minas Gerais, seja por parte da Polícia Civil, seja por parte do Tribunal de Justiça, uma franca observação a essas tentativas e não permitiremos invasão.”
Segundo o chefe do Deoesp da PCMG, delegado Álvaro Huertas, as tentativas de fraude foram controladas e “não trouxeram prejuízos ao Estado”.

A chefe da PCMG, delegada-geral Letícia Gamboge (centro), ressaltou o compromisso da Polícia Civil com a proteção de sistemas corporativos (Crédito: Riva Moreira / TJMG)

A chefe da PCMG, delegada-geral Letícia Gamboge, destacou o compromisso da instituição com a proteção de sistemas corporativos, em especial o combate às organizações criminosas:
“Hoje, nós tivemos o cumprimento de 27 ordens judiciais, dentre elas, os nove indivíduos presos. Mais uma vez, a Polícia Civil e o Governo de Minas reafirmam o compromisso com a sociedade mineira no combate ao crime organizado. Esta é a 1ª fase de uma operação que terá fases subsequentes. Com isso, garantimos maior segurança jurídica também no Estado de Minas Gerais.”
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pela 1ª Vara das Garantias da Comarca de Belo Horizonte.
Diretoria Executiva de Comunicação – Dircom / Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG / Legenda da foto em destaque: na coletiva de imprensa foi apresentado o balanço da operação “Veredicto Sombrio”, deflagrada nesta quarta-feira (10/12) (Crédito: Riva Moreira / TJMG)