Confiança no futuro profissional cresce apesar da insegurança no emprego

De acordo com a pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), analisada pelo núcleo de Pesquisa & Inteligência da Fecomércio MG e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), em Belo Horizonte, o ICF ficou em 87,3 pontos em maio. Esse número, abaixo de 100, mostra que as famílias da cidade não estão otimistas sobre o consumo. A pontuação é quase a mesma de abril (88,2), sem uma mudança grande (abaixo de 3,5 pontos), o que indica que a cautela segue forte no dia a dia.
A questão financeira aparece como mais um desafio. A Renda Atual (96,5 pontos) não teve uma mudança significativa em relação a abril (97,3), mantendo a ideia de que o dinheiro disponível não é suficiente. Isso acontece porque os salários podem não estar crescendo o suficiente para cobrir os custos. O Acesso ao Crédito (87,9 pontos) segue difícil, sem variação. Os juros altos e regras mais duras dos bancos para emprestar dinheiro são fatores que influenciam e podem dificultar compras a prazo.
Dado esse cenário, o Nível de Consumo (79,2 pontos) encontra-se baixo, indicando insatisfação das famílias com o que conseguem comprar, se comparado ao ano passado. Em muitos casos, elas precisam cortar gastos e adiar compras, já que a renda e o crédito são limitados. Mesmo com uma pequena queda de 2,5 pontos em relação a abril (não significativa), o consumo continua em um patamar muito contido.
A percepção sobre o Emprego Atual (98,1 pontos) piorou em relação a abril (103,1), apresentando uma queda significativa de 5 pontos, indicando que em relação ao ano anterior uma porção menor de famílias se sentem mais seguras no emprego. Contudo, a Perspectiva Profissional (92,0 pontos) melhorou significativamente (8,8 pontos a mais que os 83,2 de abril), desenhando esperança de melhora profissional para os próximos meses, corroborando com o cenário de baixa taxa de desemprego no estado.
De acordo com o supervisor de pesquisa da Fecomércio MG, Devid Lima, “essa aparente contraposição pode se dar devido à sensação de que a renda atual não é suficiente para os gastos das famílias e uma possível insatisfação com os salários atuais, impactando a percepção do Emprego Atual e, estando o mercado de trabalho aquecido, gera uma expectativa de mudanças positivas no campo profissional, seja pela possibilidade de crescimento na ocupação atual ou a possibilidade de troca, dado a demanda do mercado”.
A maior dificuldade está em comprar itens caros, os chamados bens duráveis. O Momento para Duráveis marcou apenas 56,1 pontos. Mesmo com uma melhora significativa de 5 pontos em relação a abril (51,1), ainda é um patamar de grande insatisfação. Famílias evitam comprometer o orçamento com financiamentos caros, dada a incerteza sobre o futuro, inflação e os juros elevados.
A única pontuação acima de 100 é a das Perspectivas de Consumo (101,7 pontos), com uma pequena melhora (2,6 pontos acima de abril). Isso mostra uma esperança sutil de que as coisas possam melhorar para o consumo nos próximos meses. Essa expectativa pode vir da esperança de melhora do cenário e é influenciada pela perspectiva profissional.