Conheça as ações do Ministério da Saúde para a prevenção e controle da obesidade em Minas Gerais
Segundo a pesquisa Vigitel, enfermidade já atinge 24% dos brasileiros. Além de estar associada a doenças crônicas como diabetes, hipertensão e outras, também é causa de problemas psicológicos
O Dia Nacional de Prevenção da Obesidade foi celebrado na última sexta-feira (11), o Ministério da Saúde reforça a importância da conscientização da população sobre os riscos dessa doença crônica e a adoção de hábitos saudáveis para sua prevenção. A obesidade acomete pessoas de todas as idades e está associada a diversos problemas graves de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, além de estigmas e estereótipos preconceituosos relacionados ao excesso de peso, que podem desencadear problemas psicológicos, depressão, baixa autoestima e angústia.
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), realiza uma pesquisa por telefone com adultos em cada uma das capitais brasileiras chamada Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). A Vigitel mostrou que a obesidade segue em crescimento desde 2006, quando correspondia a 11,8% dos entrevistados. Em 2023, ela chegou a 24,3% do público. No mesmo período, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, cerca de 20,2% dos homens e 21,1% das mulheres estão obesos.
De acordo com o Institute for Health Metrics and Evaluation de 2020, estima-se que, em 2019, o sobrepeso e a obesidade foram responsáveis por aproximadamente 8,8% do total de mortes no mundo, e 12,6% no Brasil, caracterizando-se como uma das principais causas de óbitos.
Enfrentamento às doenças crônicas não transmissíveis
Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, a obesidade pode impactar diretamente a qualidade e a expectativa de vida das pessoas afetadas. Para a diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (Daent) do Ministério da Saúde, Letícia de Oliveira Cardoso, o monitoramento constante de indicadores sobre o estado nutricional e o consumo alimentar são fundamentais para se conhecer a saúde da população.
“O planejamento e a avaliação das políticas públicas depende do monitoramento constante e oportuno. Esses indicadores ajudam a medir o progresso ou pontos de atenção em relação às metas globais e nacionais no enfrentamento dessas doenças”, afirma Letícia.
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil, que compreende o período de 2021 a 2030, inclui as metas propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ele determina, entre outros objetivos, conter o crescimento da obesidade entre adultos até 2030, com uma prevalência máxima de 20,3%, com base em estimativas de 2019; e aumentar em 30% o consumo recomendado de frutas e hortaliças, resultando em uma porcentagem de 29,8% de toda a população ingerindo a quantidade recomendada já em 2030.
Outras ferramentas importantes elaboradas pelo Ministério da Saúde que orientam a população sobre hábitos saudáveis são o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014; e o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, publicado em 2021.
Cuidados na atenção primária
No SUS, a Atenção Primária à Saúde (APS) é o contato mais próximo da população com a saúde pública. A oferta de acompanhamento multidisciplinar – com a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF) e equipe multiprofissional (e-Multi) – e ações que visam informar a população sobre como buscar uma alimentação mais adequada e saudável, auxiliam no cuidado ao sobrepeso e na prevenção da obesidade, que está associada não só ao consumo excessivo de alimentos mas a má qualidade do hábito também. Para casos de maior complexidade, a exemplo da necessidade de intervenções cirúrgicas, a APS compartilha o cuidado com outros pontos da Rede de Atenção à Saúde (RAS).
O Ministério da Saúde ainda dispõe de diversos recursos voltados à qualificação dos profissionais de saúde com o intuito de garantir um atendimento integral à pessoa com sobrepeso e obesidade em todas as fases do cuidado. Isto inclui acolhimento, diagnóstico e assistência às pessoas com sobrepeso ou obesidade, que podem ser trabalhados nos estados, municípios e Distrito Federal, como os instrutivos de Abordagem Individual e de Abordagem Coletiva para manejo da obesidade no SUS.
A formação qualificada reafirma o compromisso de garantir uma abordagem não estigmatizante e busca colaborar com atendimentos mais empáticos e cuidadosos das pessoas com obesidade. Outra forma de trazer soluções para os problemas sociais é estimular pesquisas e projetos desenvolvidos por universidades e institutos, no tema do cuidado e prevenção do sobrepeso e obesidade. Nesse sentido, produtos como o Material teórico para suporte ao manejo da obesidade no Sistema Único de Saúde são frutos de parcerias da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) com pesquisadores da área que buscam se apoiar na realidade dos territórios para promoção do cuidado às pessoas com obesidade.
Para a coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição, Kelly Alves, é preciso garantir a implementação de políticas públicas que incentivem as pessoas a terem melhores escolhas para sua saúde, além de promover ações de prevenção e de tratamento oportunas. “Também são necessárias estratégias que protejam as pessoas das práticas e estratégias que as expõem a ambientes obesogênicos, induzindo o consumo de alimentos ultraprocessados e favorecendo o comportamento sedentário, que prejudicam sua saúde”, conclui a coordenadora.
Alimentação saudável e atividade física
A prevenção da obesidade é a melhor estratégia para garantir a saúde e o bem-estar da população desde a infância. Sabe-se que o padrão alimentar relacionado às doenças crônicas não transmissíveis é caracterizado, especialmente, pelo baixo consumo de alimentos in natura e minimamente processados em paralelo ao consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. A obesidade está mais relacionada à qualidade do que se come do que à quantidade ingerida. Além disso, outros fatores, como a falta ou insuficiência de atividade física, também desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença.
Ministério da Saúde