DRAM DEBATE A FINITUDE DO SER COM O INÉDITO DISCO “TENHO FIM”

DRAM DEBATE A FINITUDE DO SER COM O INÉDITO DISCO “TENHO FIM”

Álbum recheado com nove canções autorais será lançado nas plataformas online no dia 15 de maio

O primeiro disco de Dram é uma ode ao juízo final. E o juízo final é uma trombeta individual — sem nenhuma relação religiosa ou espiritualista. Em nove faixas provocativas, a artista mineira questiona a finitude do ser. Não por acaso, ela batizou o álbum de “Tenho Fim”. O trabalho inédito chegará às plataformas online, como Spotify e Deezer, no dia 15/05 de 2025. Um videoclipe e três “visualizers” também serão apresentados ao público.

“O álbum propõe uma reflexão sobre o fim da vida. Decantar o fim da vida, relembrando a nossa finitude, exaltando a pequenez de nossa existência nesse fragmento de tempo e espaço que nos conecta a todo o resto da vida no cosmo. Nos colocar no nosso lugar, ser mais real. A nossa espécie não é superior, não somos o centro do universo. O disco nos convida a repensar essa pretensa superioridade e a encontrar um lugar mais humilde e real no mundo”, explica Dram, que soma mais de dez anos de carreira artística.

“Tenho Fim” brotou de maneira natural. Dram não queria gravar um disco. A intenção era lançar algumas músicas, experimentar… Na verdade, a artista estava fugindo da ideia de ter que criar um conceito para conectar as composições. “Quando comecei a analisar as músicas, a procurar entender por que escolhi essas canções e o por que eu sentia a necessidade de comunicar essas ideias, eu percebi que o tempo, a morte e a vida eram temas constantes. E que as minhas músicas eram respostas às minhas indagações mais recorrentes”, revela Dram, que foi incentivada pela multiartista mineira Sara Não Tem Nome a reunir as faixas em um trabalho único.

Nessa odisseia de Dram pela vida, ou melhor, pela clara visão sobre o fim da vida, assim como por todas as dores e alegrias da existência, nasceu o single “TDAH”, um feat com Sara Não Tem Nome apresentado em março e que é um abre-alas de “Tenho Fim”. “É mais fácil patologizar as pessoas, criando a falsa ideia de que existe uma forma normal de ser no mundo, do que criar um sistema de organização onde todos os diversos tipos de pessoas sejam valorizadas pelo que são. Percebo que muita gente se identifica quando escuta essa música e entendo que é por que ninguém aguenta mais tentar ser essa pessoa que a norma exige. Estamos cansados”.

Com participações especiais de Lou Gomes, Sara Não Tem Nome, Chedinho e Raphael Sales, artistas que fazem parte da mesma seara contagense de Dram, “Tenho Fim” traz diferentes ritmos e sons, algo muito similar a própria vida, que não segue em um único acorde. “A minha música é uma mistura de ritmos, mas posso pontuar que tem reggae, baião, forró, pop, rock… dá para sacar algumas influências, mas não dá para definir. Se tivesse mesmo que classificar, eu classificaria como MPB, porque a MPB é meio que isso: uma mistura gostosa de ritmos variados que a gente produz aqui nesta terra chamada Brasil”, pontua.

Nesse tempero de brasilidades, Dram traz “Ventania”, música que fala sobre o movimento da paixão; “Abelha”, sobre o nascimento e o desenvolvimento da vida de duas irmãs juntas; “Vida Simples”, sobre a saudade e a vontade de estar perto; e “Testamento”, que nasceu de uma experiência familiar. “Certa vez, eu dei um caderno lindo, feito artesanalmente, para minha mãe, mas, depois de muito tempo, percebi que ela não tinha começado a usá-lo. Quis incentivá-la a voltar a escrever e a desenhar, coisas que ela gostava de fazer, mas deixou de lado com a chegada da internet em nossas vidas. Quando a pressionei para usar o caderno, ela disse que ia guardá-lo para escrever o testamento dela. Aquilo ficou na minha cabeça e assim nasceu a música”, revela.

TODOS VÃO MORRER. Curiosa desde a tenra idade, o que a levou a estudar história, Dram foi uma criança questionadora. “Uma pergunta que sempre me rodeou desde criança é: Por que parte dos humanos acha normal e incrível uma pessoa ter recursos maiores que os de países inteiros?”, dispara ela, que, baseada nessa pergunta, aos 12 anos, escreveu o verso: “O que vão levar se o mundo acabar agora?”. Falar abertamente sobre o fim da existência não foi uma ideia criada e patenteada pela artista.

“A médica Ana Claudia Quintana Arantes, especialista em cuidados paliativos e autora do livro ‘A Morte É um Dia que Vale a Pena Viver’, defende que não falar sobre a morte é um problema para nossa vida e para a sociedade. Encarar nossa finitude é essencial para cuidarmos bem da vida. Vivemos em uma sociedade que tem uma relação horrível com algo que vai acontecer com todos. Claro que não podemos banalizar a vida, como vemos em atitudes seletivas, que normalizam a morte de crianças negras, pessoas trans e palestinas. Pensar na morte é pensar na vida, é refletir sobre o que vale a pena ser vivido. Médicos que trabalham com cuidados paliativos observam de perto como é a aceitação da morte pelos seus pacientes. Eles dizem que um dos grupos de pessoas que mais sofrem com a ideia de morrer são aquelas que têm muito dinheiro. Para elas, é difícil acreditar que não há nada a fazer, mesmo com toda a riqueza que possuem. O que deixamos para trás quando morremos é uma questão para ser discutida o tempo todo, pois ela nos traz o real sentido da vida”, explica a artista, que imprimiu essa ideia nas nove faixas de “Tenho Fim”.

SERVIÇO

Disco “Tenho Fim”, de Dram

Lançamento: 15/05/2025

Local: Plataformas Online (https://linktr.ee/drammusicas)

FOTO DEBORA ARAU/DIVULGAÇÃO

DRAM É CRIA DE CONTAGEM

Além de musicista, Dram é professora de história. Ela faz parte da seara de artistas de Contagem, cidade da Região Metropolitana de BH, e vem ganhando território com uma arte provocativa e sensível. Além da cantora, “Tenho Fim” traz a arte de Débora Arau, Dayane Tropicaos e Sara Não Tem Nome, que assinam os visualizers e o videoclipe.

“Foi legal reunir com elas para fazer a parte visual do projeto, porque crescemos juntas, na mesma cidade, e começamos nossas trajetórias artísticas se apoiando e ralando muito. Além do mais, elas são artistas que eu admiro muito, são talentosíssimas, e eu sou fã demais das três”, conta a artista, que realizou o disco com recursos do Edital Movimenta Multilinguagens, do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Contagem. Nathália Layla assina as traduções em Libras, e Pedro Alporquia a coprodução artística.

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