Trabalho do CTVacinas da UFMG recebe o Prêmio Péter Murányi

Trabalho do CTVacinas da UFMG recebe o Prêmio Péter Murányi

Grupo de pesquisadores ficou em terceiro lugar com trabalho sobre a importância da soberania nacional na fabricação de vacinas

O trabalho realizado pelo Centro de Tecnologias de Vacinas (CTVacinas) da UFMG durante a pandemia de covid-19 foi reconhecido pelo júri do Prêmio Péter Murányi 2023 – Saúde. A equipe, liderada pelo professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) Ricardo Gazzinelli, ficou em terceiro lugar com o trabalho Soberania tecnológica no desenvolvimento de vacinas humanas no Brasil. No artigo, a equipe do CTVacinas aborda a importância do desenvolvimento de uma cadeia produtiva para a fabricação de imunizantes no país. O trabalho apresenta o ciclo de desenvolvimento da SpiN-TEC, vacina 100% nacional contra a covid-19.

Para Graziella Rivelli, pesquisadora do CTVacinas, o prêmio é um reconhecimento dos trabalhos realizados ao longo da pandemia de covid-19. A cientista atuou nas etapas de desenvolvimento da formulação do adjuvante – componente que aumenta a eficácia das vacinas – e de assuntos regulatórios relacionados à documentação para o atendimento das normas técnicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das normas internacionais da SpiN-TEC. Ela explica que o trabalho premiado foca na importância da soberania nacional para a produção de imunizantes.

“Soberania nacional é a busca de tecnologia, infraestrutura, equipamentos e pessoal capacitado para que possamos desenvolver todo o processo de produção de uma vacina em território nacional. Ter essa autonomia é importante para que consigamos ser independentes no caso de pandemias futuras”, diz.

A estudante de doutorado Julia Castro, membro da equipe do CTVacinas, conta que o trabalho desenvolvido no CT foi importante para a sua formação como pesquisadora. “Participei dos testes experimentais da vacina, durante minha pesquisa de doutorado, avaliando a imunogenicidade – capacidade de induzir resposta imune – e a eficácia de proteção ao Sars-CoV-2. Todo o processo que culminou na SpiN-TEC foi de muito aprendizado e será levado adiante na minha trajetória profissional”, afirma.

Natália Salazar, também integrante da equipe do CTVacinas, acrescenta que o trabalho premiado explicita como o conhecimento adquirido no processo de desenvolvimento da SpiN-TEC poderá ser aplicado na produção de outras vacinas humanas. “O conhecimento e a tecnologia que produzimos poderão ser aplicados em outros estudos, ajudando o país a se aproximar da tão sonhada soberania na produção de imunizantes.”

Prêmio Péter Murányi

Instituída pela Fundação Péter Murányi, a premiação é concedida anualmente a pessoas físicas ou grupos de pessoas cujos trabalhos tenham se destacado na descoberta ou no progresso científico, beneficiando e promovendo a evolução e o bem-estar de populações em desenvolvimento. Neste ano, o prêmio recebeu 138 candidaturas de trabalhos da área de saúde.

O júri, composto de 52 personalidades das áreas acadêmica e científica e de entidades parceiras, concedeu o primeiro lugar ao trabalho Desenvolvimento de uma vacina tetravalente para dengue, indicado pela Fundação Butantã, sob a liderança da pesquisadora Neuza Gallina. Em segundo lugar, foi premiado o trabalho Vigilância digital como ferramenta inovadora para o enfrentamento da atual e futura pandemias: da avaliação de eficácia vacinal à previsão de novas emergências, indicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com equipe liderada pelo pesquisador Manoel Barra Netto.

 

Legenda foto: Da esquerda para a direita, equipe responsável pelo trabalho premiado: Ana Paula Fernandes, integrante do comitê gestor do CTVacinas; Helton Santiago, coordenador dos testes clínicos da SpiN-TEC; Ricardo Gazzinelli, coordenador do CTVacinas; Julia Castro, pesquisadora do CTVacinas; Flávia Bagno, líder da Plataforma de Testes Imunoquímicos; Graziella Rivelli, líder da Plataforma Regulatória; Natália Salazar, líder da Plataforma de Produção de Recombinantes; Natália Hojo-Souza, líder da Plataforma de Testes Pré-Clínicos

Crédito: Virgínia Muniz | CTVacinas